segunda-feira, 17 de julho de 2017

A Aceitação da Diferença - Parte 2




Uma das tácticas que usei no meio da minha luta por conseguir normalizar a situação escola vs filho foi a de mudar as regras de casa.
Até aquela altura nunca tinha sentido a necessidade de ser rígida porque como falo ao longo do livro a educação destas crianças não tem de ser igual à que nos foi incutida tradicionalmente. Sempre tentei adaptar-me ás situações do dia-a-dia de uma forma ligeira e penso que tenho feito um bom trabalho pois além das excelentes notas na escola é uma criança prestável, muito educado, sempre pronto para ajudar nas lides da casa, não tenho qualquer razão de queixa.
Apesar de tudo pensei que se mudasse as regras de casa ele ia entender que mais cedo ou mais tarde teria de mudar de atitude perante a escola ou pelo menos seria uma forma dele ver a diferença entre o que ele conhecia e um ambiente mais rígido.
Uma das tácticas que utilizei foi a de eliminar completamente a TV e o tablet durante a semana para desta forma termos mais tempo para conversar e brincar e fazer os trabalhos de casa antes de ir dormir.
Ele até gostou da ideia pois acabávamos por brincar mais que o habitual e isso era óptimo mas certo dia, ao fim de uma semana com esta táctica lá veio ele dar-me mais uma lição lá do alto da sua sabedoria. íamos no carro no caminho da escola para casa e ele perguntou-me: - Mãe, posso fazer-te uma pergunta? Se são os outros meninos que chamam nomes e são mal-educados, e são os outros meninos que batem e são maus, porquê que sou eu que sou castigado?
E mais uma vez ele me deixou sem palavras, claro que ele tinha razão, o pequeno sábio soube analisar a situação na perfeição e chamou a minha atenção para as minhas escolhas naquela situação.
Bem a boa notícia é que com a cooperação da professora, dos auxiliares da escola e da psicóloga infantil o meu filho voltou ao ritmo normal que lhe era habitual na escola e o problema foi superado.
Garanto-vos que foi uma fase bem complicada como mãe, sozinha a lidar com o sofrimento diário do filho, daí surge a minha vontade de partilhar estas experiências que de alguma forma sei que muitos pais poderão estar a passar por situações semelhantes, e assim de alguma forma contribuir para o equilíbrio e bem-estar de outras famílias.
Uma das características dos cristal é a sensibilidade, e como tal quando acontecem situações como a que descrevi da escola, a auto-estima deles desce imenso ao ponto de acharem que não sabem fazer nada, que não são bons em nada e que ninguém gosta deles.
No meu caso tive a sorte dele ser extrovertido na personalidade e como tal fala muito o que não é vulgar nas crianças cristal, e foi uma excelente ajuda para entender e chegar ao problema mais rapidamente. Mas aproveito para chamar a atenção com esta história pois na maior parte dos casos as crianças cristal ficam em silêncio e sofrem sozinhos, e muitas vezes até escondem dos próprios pais e o tempo vai passando até que começam a ser vitimas de bullying, ou ficam doentes com vírus desconhecidos que aparecem e desaparecem sem qualquer explicação médica ou em casos mais radicais começam a Auto mutilar-se para se castigarem por serem diferentes e de alguma forma chamarem a atenção de alguém que os possa ajudar.
É importante os pais terem conhecimento desta fragilidade característica dos cristal para poderem intervir o mais rapidamente possível.

E é também importante que seja transmitido aos cristal nestas situações que não estão sozinhos, que são compreendidos e ajudá-los a trabalhar e fortalecer a sua auto-estima seja com actividades em que eles se sintam válidos, seja com terapias ou muitas outras soluções possíveis conforme as possibilidades de cada família.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

A aceitação da diferença

Um dos grandes desafios que estas crianças trazem para trabalhar é a aceitação da diferença. Em que sentido? Aceitar que as outras pessoas não são como eles, ou pelo menos a grande maioria que os rodeia.
É nessa fase da vida da criança que é importante os educadores redobrarem a atenção e acompanharem da forma mais equilibrada possível, mas deixo desde já o aviso que não é nada fácil.
Como mãe de um cristal tão completo procuro sempre saber mais, mantenho-me informada, leio, pesquiso, investigo tudo sobre esta temática e ainda assim encontrei-me numa situação bastante complicada durante alguns meses.
O meu filhote começou a criar aversão á escola, ao ponto de entrar em pânico e começar a gritar e a chorar sempre que parava o carro perto da escola. Assim que estes ataques começaram tentei logo procurar a origem desse pânico, tendo certeza que algo estaria a acontecer de sério uma vez que ele sempre adorou a escola e sobretudo aprender coisas novas.
Depois de muitas conversas com ele, com a professora, com os colegas, com os auxiliares de educação e posteriormente com a ajuda de uma psicóloga infantil cheguei á resposta que procurava.
O meu filhote estava com dificuldade em aceitar a diferença entre ele e os outros meninos, não conseguia entender porque eles diziam asneiras e se chamavam nomes se isso para ele é ser mal-educado e ofensivo! Para o meu filho até chamar de totó é uma ofensa, mesmo que seja a brincar pois chamar nomes para ele é feio e mal-educado. E além disso os meninos da idade dele empurram-se e têm brincadeiras consideradas normais para a idade mas algo agressivas que para o meu filho é ser mau e faltar ao respeito.
Uma das táticas que utilizei para tentar trabalhar a auto-estima e capacidade de resposta e defesa foi ensinar-lhe a dar respostas como se fosse um jogo, ou seja, se alguém lhe chamasse um nome feio ele tinha que responder chamando outro nome. Isto para evitar ele encolher-se e chorar todo ofendido o que acabava por ser pior uma vez que era gozado por chorar.
Também sempre lhe transmiti que nunca devia bater em ninguém, mas que se alguém lhe batesse ou o magoasse que aí sim ele deveria bater ainda com mais força. Ele bem tentou…
Certo dia, estávamos nós nesta luta em que eu já lhe pedia por favor para ele não chorar, que ia ser um dia bom, ele fez um grande esforço para se manter calmo, não chorou o caminho todo e quando estacionei o carro perto da escola ele perguntou: - Mãe, posso falar contigo? Eu claro que concordei e ele continuou: - mas prometes que me ouves até ao fim sem me interromper e que no final ficamos aqui um bocado no carro sem pressa para sair? – Eu claro que aceitei e ele continuou falando sempre muito sério com uma lágrima a cair-lhe pelo rosto: - sabes mãe, eu sei que quando os meninos me chamam nomes tu queres que eu lhes responda e chame nomes também, e também sei que quando os meninos me batem, tu queres que eu lhes bata também, mas sabes uma coisa mãe? Eu não consigo, eu estou a sofrer tanto… porquê que eu tenho que chamar nomes se eu não sou mal-educado? E porquê que eu tenho que bater se eu não sou mau? Eu não consigo mãe, eu não consigo fazer isso e estou a sofrer tanto…

Como devem imaginar o coração naquele momento deve ter ficado do tamanho de uma ervilha de tão apertado que estava, nem sei como aguentei não chorar naquele momento, apenas lhe mostrei compreensão, que entendia tudo o que ele me estava a dizer, que concordava com ele e sabia o quão difícil era mas que vivemos em sociedade e temos que aprender a aceitar a diferença, que nem toda a gente age ou pensa como nós e como não podemos modificar isso temos que aprender a aceitar. E lá fomos para o portão da escola abraçados com o coração bem apertado… continua…

quinta-feira, 30 de março de 2017

O menino que também vê anjos


Uma das características que me tenho vindo a aperceber ao longo do tempo é que estas crianças têm a capacidade de ver e sentir a energia das outras pessoas com a maior das facilidades. Conseguem ver a cor da aura, se a pessoa vem acompanhada por outros seres, por vezes os sentimentos ou emoções, se são boas pessoas (no ponto de vista de uma criança claro está) e por último se a energia da outra pessoa é semelhante à deles. Eles reconhecem-se entre eles assim como também desmentem logo caso alguém falsamente insinue que também é cristal ou que também vê anjos etc.

Em certa ocasião fui a umas bombas de combustível para lavar o carro na lavagem automática. Como era inverno e estava desagradável na rua optei por permanecer dentro do carro durante todo o percurso junto com o filhote.

No final da lavagem veio um rapaz novo, que pelo aspecto deduzi que fosse filho dos donos da gasolineira, com um pano de camurça para passar nos vidros. Eu não dei importância ao rapaz até o meu filho comentar com ar feliz: “olha mãe este menino é como eu!” – Perguntei o que queria dizer com isso ao que ele respondeu que o menino também falava com os anjos e conseguia vê-los.

Fiquei entusiasmada com a informação, que bom que seria poder trocar impressões com um miúdo já crescido que talvez me pudesse ensinar ou até explicar como algumas coisas funcionam no “mundo” deles. 
Perguntei ao meu filho se podíamos falar com o menino e dizer-lhe que sabíamos que ele via anjos e que eles eram iguais etc, ao que o meu filho respondeu logo um grande não e quando lhe perguntei porquê? Respondeu: - Não mãe, não podemos dizer nada, ele vai ficar zangado porque ele não quer que ninguém saiba. 
Aceitei a explicação que me foi dada mas ainda assim olhei para o rapaz algumas vezes para ver se percebia algo de diferente nele. De facto ele trabalhava com um sorriso no rosto que resplandecia num dia tão cinzento como o que estava, mas para além disso, não consegui ver nada com a clareza que o meu filho conseguia ver.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Ela é mentirosa!!


Sempre tive algum cuidado sobre quem podia ou não saber que o meu filho era uma criança cristal. Não queria sujeita-lo a perguntas infindáveis ou julgamentos discriminatórios. Como percebi que o meu filho apenas falava no assunto quando ele próprio sabia que podia falar então deixava esse momento e escolha para ele fazer. 

O maior exemplo que tenho desse comportamento é que ele não falava de nada quando o pai estava presente, e uma vez perguntei-lhe se podia contar alguns acontecimentos ao pai e ele impediu-me dizendo que ele ia achar que eu estava maluca. Então por decisão minha nem a própria família como as tias e avós sabiam destas características do meu filhote.

Acontece que outra característica das crianças cristal é a honra de dizer sempre a verdade, não se pode mentir a uma criança cristal, nem sequer aquelas mentiras sobre o pai natal ou a fada dos dentes, pois no dia que eles descobrem que mentimos perdem total confiança no adulto e ficam ofendidos. Mais à frente contarei a forma como contornei a existência do Pai Natal e da fada dos dentes.

Mas retomando o assunto por vezes acontecem situações que não podemos de forma alguma controlar. De vez em quando a avó do meu filhote vai busca-lo à escola e fica com ele até a hora de eu o ir buscar. A avó sendo frequentadora da igreja local de vez em quando tem em casa o oratório de Nossa Senhora de Fátima, o qual fica em casa durante uma semana e nesses dias a pessoa acende uma vela e reza o terço junto da imagem.
Imagem de um Oratório 


Sendo o meu filho tão amigo da mãe de Jesus como ele costuma dizer, claro que a imagem lhe chamou a atenção e perguntou à avó por que ela tinha ali a mãe de Jesus? A avó explicou que era Nossa Senhora de Fátima e que tinha sido a igreja a emprestar. 

Nesse dia quando fui buscar o meu filhote,  dentro do carro ele gritava indignado e zangado: “mãe, a avó é maluca, e ainda por cima é mentirosa” – eu quase comecei a rir pela forma como ele se expressava zangado e com calma perguntei-lhe porque dizia isso, o que tinha acontecido? Ao que ele respondeu: então a avó tem na sala a mãe de Jesus e ela disse que ela se chama Fátima mas é mentira mãe, ela é mentirosa porque toda a gente sabe que a mãe de Jesus se chama Maria – nesse momento a minha vontade de rir era ainda maior mas controlei o riso e expliquei-lhe que a avó não era mentirosa, expliquei que em Fátima foi uma terra em que a mãe de Jesus apareceu muitas vezes e construíram-lhe lá uma casa para ela e por isso dizem que é a Nossa Senhora de Fátima mas que ela se chama Maria. Ele aliviado fez um grande ahhhhhh e pediu-me para eu explicar isso à avó para ela aprender pois ela não percebe nada! (risos)

terça-feira, 21 de março de 2017

A alma do cão


Temos um cão que eu digo que foi co-criado pelo meu filho. Num dia quente em Agosto, eram férias de verão, estávamos os dois a preguiçar na cama enquanto assistíamos a um daqueles programas sobre veterinários e animais domésticos. Motivado pelo programa o meu filhote lamenta que adorava ter um cão e começa a pedinchar insistentemente para irmos a uma loa de animais comprar um cão: por favor… por favor… por favor… e beicinho a acompanhar

Passado algumas horas fui verificar a caixa do correio na rua e vejo que está um cão encostado ao portão que mal me vê faz uma recepção e uma festa tal como se eu fosse a dona dele. Fiquei com pena pois estava imenso calor, quase não havia sombras e ele devia ter sede ou até fome. Fui buscar água para lhe dar e alguns restos que tinha no frigorífico.

Nessa tarde fui dar um passeio com o filhote e quando regressámos a casa lá estava o cão à nossa espera com uma grande recepção de alegria tal como se fossemos os donos, e foi ficando dia após dia até que decidi dar-lhe um lar.

Foi um cão abandonado que veio de alguma forma encaminhado até à nossa porta, numa zona com centenas de moradias ele escolheu a nossa.

Sendo ele um cão meigo e educado percebi que o podia libertar na rua de vez em quando para ele dar uma volta uma vez que moro numa zona calma com áreas de relva e árvores bem perto, e ele lá dava uma volta ao quarteirão sozinho e regressava sempre feliz pelo passeio.

Num desses passeios aconteceu algo menos bom, a zona é calma e passam poucos carros pois só passa pela urbanização quem realmente mora lá mas num desses passeios ele foi atropelado por um carro, levou uma pancada ligeira mas o suficiente para criar fissuras em duas partes de uma das patas dianteiras. Ele conseguiu andar na mesma e chegou a casa a coxear e visivelmente magoado. 

Esse acidente obrigou-me a ir várias vezes ao veterinário para ir mudando as talas e ele teve que usar um colarinho tipo funil para o impedir de lamber ou remover os pensos, ainda demorou uns meses com os tratamentos. Sempre que podia ia ao veterinário na hora de almoço mas por vezes só podia ao fim do dia e nesses casos levava o meu filhote comigo.

Num dia no regresso a casa após um dia de escola o meu filho diz-me: “sabes mãe, ontem falei com a alma do cão”
- Ai sim?!! – comentei eu surpresa e o que te disse a alma dele?
- Bem, não foi bem falar, foi mais em pensamento, como se eu entrasse na cabeça do cão e ele disse: “estou tão triste”, “a minha pata dói tanto”, “quando chega a minha dona?”

Se de facto é real que somos todos um e que estamos todos ligados, então sim faz todo sentido, no fundo é uma comunicação de emoções via telepática, e é fantástica esta capacidade de comunicação entre o homem e o animal.

domingo, 12 de março de 2017

Atenção aos sonhos


Muita gente pode pensar que nunca sonha ou simplesmente nunca se recordam dos sonhos porque estavam tão cansados que ao deitar se desligam até ao acordar e não se lembram de nada.

A verdade é que toda a gente sonha, enquanto dormimos a nossa mente entra em estados de transe de diferentes estágios e viaja mesmo que não nos lembremos de nada ao acordar.

Sempre prestei muita atenção aos meus sonhos e posso dizer que tive imensas experiências que mais tarde vim a validar com informações de conexão ao outro lado e inclusive sonhos premonitórios.

Desde muito cedo que habituei o meu filhote a contar-me os sonhos dele logo ao acordar, de tal forma que muitas vezes as primeiras palavras dele ao acordar são: “mãe, sabes o que sonhei?”.

 me contou sonhos tão descritivos sobre realidades que ninguém lhe ensinou que só considero serem possíveis se os encararmos como tendo sido uma viagem astral, tal a riqueza de lugares que ele descreve sem nunca ter lá estado pelo menos fisicamente nesta vida.
Mas um factor que considero bem curioso é que estas crianças viajam mesmo e tendo em conta que até aos 7 anos de idade a criança está energicamente ligada à energia da mãe pode acontecer a mãe e filho viajarem em conjunto astralmente durante os sonhos.

Esta foi mais uma experiência que vivi com o meu filhote.

De vez em quando tenho sonhos bem vivos e marcantes, e são tão intensos que nunca mais os esqueço, não memorizo o sonho inteiro mas há sempre aquela parte do sonho que me deixa a pensar se seria mesmo um sonho ou se havia ali algo mais. Devido à frequência com que tenho estes sonhos criei o hábito de tomar notas num diário de sonhos para poder assim consultar e posteriormente recordar pormenores que considero importantes.

Certa noite sonhei com uma cobra gigante totalmente branca, tinha a cabeça maior que a de um humano e estava semi-levantada perto de mim porque queria falar ou conversar comigo. 
Eu como na vida real tenho fobia a cobras, no meu sonho estava cheia de medo então tinha um pau, do tamanho do cabo de uma vassoura que utilizava para desviar a cabeça da cobra para mais longe de mim. Mas a cobra queria mesmo falar comigo e insistia “educadamente”, diga-se de passagem que tinha uma excelente dicção e um vocabulário bem rico. Como o meu pau era demasiado curto e como eu não conseguia afastar a cobra no meu sonho pedi ao meu filho para procurar um pau maior pois com aquele eu não conseguia afasta-la e entretanto acordei.

De manhã estava ainda a pensar no sonho e quando o meu filho acorda viu-me com uma cara estranha e perguntou-me com o que eu tinha sonhado. Comecei a contar-lhe sobre a cobra e o tamanho do pau que não era suficiente ao que ele me diz: eu sei mãe eu fui procurar um pau maior porque aquele era pequeno…

E acho que não preciso dizer mais nada, fiquei mais uma vez fascinada com esta informação, mais uma descoberta sobre as capacidades tão ilimitadas destas crianças.


Ainda assim ousei fazer algumas perguntas para validar que ele tinha estado lá e sim, de facto descreveu-me a cobra, a cor, o tamanho o meu medo, ela a falar tudo tal e qual como eu sonhara.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Adaptar a educação negociando

Crianças cristal, índigo, diamante, arco-íris ou seja de que género for, existe uma grande responsabilidade por parte dos pais e educadores de lhes proporcionarmos as melhores condições para uma educação equilibrada.

Quando os pais começam a aperceber-se que os seus filhos possuem características diferentes e posteriormente conseguem identificar se são crianças cristal ou outro tipo muitas vezes se levanta a questão de “E agora? O que é suposto eu fazer?”

A verdade é que não muda em nada aquilo que como pais é suposto fazermos. Trata-se da educação de uma criança, e como educadores devemos tentar passar os nossos valores, os valores que de alguma forma nos foram passados e claro devemos tentar dar o nosso melhor, essa é a nossa parte do acordo.

No meu ponto de vista aquilo que deve mudar em nós é aumentarmos o nosso conhecimento, a nossa procura e pesquisa pois existindo tanta informação acerca destas crianças e das suas características, quanto mais informação tivermos do nosso lado servirá certamente de grande ajuda sempre que acontecerem situações mais delicadas fora do entendimento do dito comportamento normal.

Existem certos padrões da antiga educação tradicional que dificilmente servirão ou sequer se adaptam a estas novas crianças.

Tenho um exemplo muito simples e muito comum que acontece frequentemente que é o dar ordens, não é fácil simplesmente dar uma ordem e esperar ser obedecido por uma destas crianças. Podemos experimentar gritar autoritariamente e até obrigar ou forçar, mas a verdade é que para além do momento de tensão criado, nenhuma das partes sairá totalmente satisfeita.

O que é importante saber e que simplifica tanto qualquer ordem é que com estas crianças tudo deve ser negociado ou explicado, e acreditem, digo mesmo tudo.

Quando falo em negociar refiro-me em explicar à criança uma razão lógica para ela concordar que de facto a ordem dada faz sentido, não por ser uma imposição mas por concordar e entender que tem lógica.


Um bom exemplo para essas negociações que me aconteceu com o meu filho foi o famoso: “vai arrumar o teu quarto”, logicamente com essa ordem directa ele nem se mexeu do lugar, mas antes de me enervar, gritar ou insistir decidi negociar com ele da seguinte forma: “sabes filho, como tens os teus brinquedos espalhados pelo quarto podemos pisar um deles, e até parti-lo e depois ficas triste porque o brinquedo está estragado. E podes também magoar-te no pé se pisares o brinquedo e pode fazer sangue e depois temos que ir para o hospital…para evitar partir os brinquedos e até fazer o dói-dói não achas que era melhor colocarmos os brinquedos nos seus lugares e assim a próxima vez que vieres brincar além de saberes onde está cada um não estarão partidos nem estragados, o que achas? E claro que a resposta foi positiva, concordou em começar de imediato a arrumar o quarto e pediu a minha ajuda para ser mais rápido mas entendeu a lógica e obedeceu sem discussões ou birras.